sexta-feira, 23 de abril de 2010

Que seja eterno enquanto dure...

Florzinhas, todo mundo conhece a Cris Guerra do Hoje eu vou assim. O blog é ótimo e ela foi genial em descobrir um novo formato para falar de moda. Conheci a Cris no ano passado, quando ela foi uma das minhas juradas na Veja Gastronomia. Nos conhecemos por e-mail, por telefone, mas criou-se uma empatia imediata. E hoje, recebi um texto lindo assinado por ela. E quis dividi-lo com vocês. Casamento não é fácil, mas dividir a vida com quem a a gente escolhe é maravilhoso. Beijos,


A hora do sim... Sempre feliz... Pra sempre. Feliz.
Feliz ou sempre?
Eu choro em casamentos. Choro em bodas de pra­ta, de ouro. Choro até em cena de casamento de novela, mesmo que nunca tenha visto algum capítulo. Choro porque acho bonito, porque o coração acredita. Mas sou cuidadosa com o casamento.
Casei-me uma vez. Entrei feliz ao som dos Beatles. Durou 30 meses – o tempo dos contratos de aluguel – e a separação foi para mim uma alegria maior. Admito que minha experiência foi um caso à parte. Aquela relação não teria ido longe, independentemente do formato.
Mas, se a cada dia mais pessoas se casam, a cada dia mais casais se separam. Meu irmão costuma dizer que o segundo casamento é o que dá certo. Entendi isso depois que me separei. Logo me apaixonei por um homem que também havia sido casado. Vivemos uma união em casas distintas e, como reza o ritual que não fizemos, a morte nos separou. Mas a experiência anterior ajudou no cui­dado que tivemos um com o outro nessa segunda chance. Aprendi lições que o tempo vem confirman­do.
Muita gente se casa para os outros, não para si mesmo. Prefiro o amor silencioso e quieto: um senti­mento que não foi feito para todo mundo frequentar.
Casamento é a tentativa de fortalecer um laço que tem a fragilidade como essência – e aí mora a sua magia. Deve-se tomar cuidado com a armadilha de ter que ser para sempre. A obrigação é inimiga do desejo. Ignorar a promessa de eternidade talvez seja um bom começo para quem quer ficar junto o resto da vida.
Para uma relação, levam-se problemas, histórias, medos, frustrações. Mas não é essencial casar-se com a fila de banco que o outro teve que frequentar, nem com a irritação depois de um dia de trabalho. É importante dar colo, mas não se pode ser colo o tempo todo. Dividimos com o outro as coisas difíceis na intenção de que elas se dissipem, não na de que aumentem de tamanho. Se for somar, que sejam as alegrias.
Casamento não é nem pode ser fusão. Um mais um continua sendo igual a um mais um. Cuidado com a vontade de ser dono da outra pessoa – já é tão difícil sermos donos de nós mesmos. O amor é feito de matéria sutil, e seu alicerce é justamente a impossibilidade de “ter” o outro. Quando o outro não está garantido, fazemos mais por ele. É sempre tempo de cultivar a delicadeza.
Muitos só entendem isso depois que se separam. Aí entra o raciocínio do meu irmão: numa segunda vez, erra-se menos. Quem já se separou certamente sabe o que é viver sozinho. E é preciso saber viver só para viver bem a dois.
Quem vive só se mobiliza para resolver seus problemas, não fica à espera de que o outro o faça. Quem vive só cultiva hábitos próprios, conjuga os verbos no singular. O plural é lucro. É fundamental preservar a independência, ou a relação se torna um depositário das mazelas e dos problemas mútuos.
Deve haver um jeito de reservar o melhor de nós para o outro e guardar o pior para nós mesmos. Preservar pequenos mistérios que nos mantêm interessantes. Há uma alquimia no exercício da conquista, do cuidado, da atenção.
É preciso cuidar do amor como planta frágil que é. Água demais, sol de menos, muito tempo no canto errado da varanda: tudo isso pode fazer murchar o que antes era exuberante. Para florir, cada planta tem seu jeito. Como cada relação tem seus mistérios e idiossincrasias.
Não tenho dúvida: o amor é feito de presenças e faltas. E é na falta que se apura a vontade de estar junto. Acordar juntos é gostoso; acordar com saudade também. É que outra essência do amor é a liberdade: é preciso espaço para ele crescer confortável.
E assim a possibilidade de ver a pessoa amada se apaixonar de novo deixa de ser ameaça para ser sorte: pode ser por você a paixão. O encantamento que renasce muitas vezes.
Amor pede rotina. Mas pede a suavidade de não fazer tudo sempre igual. Pede o cultivo da intimidade sem excessos. Amor é construção. Um tijolo a cada dia. É um trabalho que não termina nunca. Talvez seja esse o real significado da expressão “Felizes para sempre”.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cris, amei o texto, parabéns. Acho que ele expressa o quanto da sua história é a história de nós, mulheres. Do quanto damos e queremos colo, do quanto o amor para sempre é, na verdade, o amor bem vivido.
Um beijo grande, Ju (cunhada Carol).

Amanda Zanata Davel disse...

Oiee.. queria muito saber como vcs vendem os produtos pela internet, me interessei por algumas coisas e queria tbm sber a forma de pagamento..
bjinhoss

Unknown disse...

a esqueci de dizer, se possível me mande um e-mail: amanda.zanata@gmail.com
bjoss